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Falar de HIV e AIDS é um tabu para muitas pessoas, até porque, tudo que aborda sexualidade é algo que as pessoas ainda têm muito receio de falar. Neste dia 1 de dezembro, celebramos o Dia Mundial de Combate à AIDS e ainda enfrentamos o enorme preconceito sobre o tema. Criminalizar uma pessoa que vive com HIV é um grande problema em todo mundo. A situação torna-se ainda mais grave, pois, a maioria dessas pessoas pertencem a grupos populacionais socialmente mais vulneráveis.

Falar de sexo não é facil, falar de HIV, diante do preconceito e desconhecimento das pessoas é ainda mais dificil. Mas afinal, a pessoa que vive com HIV é obrigada a revelar seu status sorológico para parceiro ou parceira? A resposta é não. Uma informação como essa pode ser inadmissível para algumas pessoas que não vivem com o HIV, mas é preciso ter ciência de que a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis em uma relação sexual consensual, traz responsabilidades para todos e todas que dela tomam parte.

Graças aos avanços valiosos da ciência, o tratamento antirretroviral é altamente eficaz no controle da multiplicação do HIV, permitindo que as pessoas consigam manter o vírus indetectável no sangue, ou seja, elas deixam de transmitir o HIV por via sexual. Existem diversos estudos que comprovam e reafirmam a eficácia desses medicamentos. Hoje, pessoas que compõem casais em que um parceiro ou parceira vive com HIV e tem o vírus indetectável, mesmo tendo relações sem proteção por camisinha não transmite o vírus para o outro. Uma pessoa que vive com o HIV e está indetectável é um parceiro sexual mais seguro em uma relação sexual desprotegida do que alguém que não sabe que possui o vírus. Em outras palavras, a pessoa indetectável é uma pessoa que não é transmissora.

Fica claro que “criminalizar” as pessoas que vivem com HIV é completamente um equívoco, já que essas pessoas possuem uma vida ativa normal e que não há impedimento algum em ter uma vida social e sexual como qualquer outra pessoa. HIV não é uma sentença de morte como era antigamente. O indivíduo que convive com o vírus segue tomando suas medicações, fazendo seu controle e cuidando de sua saúde como toda e qualquer pessoa precisa ter esse hábito.

É importante ressaltar que o HIV e a AIDS são diferentes. Após se infectar pelo vírus HIV, uma pessoa pode permanecer durante anos com o vírus no organismo, sem apresentar nenhum sintoma. Nesse caso, dizemos que a pessoa é portadora do HIV. O vírus HIV tem como principal alvo o sistema imunológico, que é responsável pela defesa do organismo contra doenças. Assim, com a perda da capacidade do organismo de se defender, começam a aparecer sinais e sintomas relacionados à presença de infecções oportunistas, e surge a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, chamada de AIDS ou SIDA. Em resumo, o HIV é o vírus da imunodeficiência humana e a aids surge quando a pessoa se encontra doente, com manifestações decorrentes da presença do vírus no organismo. Ou seja, a pessoa pode estar infectada pelo HIV e não estar doente com aids.

Precisamos cada vez mais fortalecer os serviços de promoção e prevenção da saúde. Vale salientar, que a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis é de extrema importância e que o acesso a testes, medicações de tratamento antirretroviral é gratuito e fornecido pelo Sistema Único de Saúde. Apesar de ainda não ter cura para a infecção, o tratamento faz com que a pessoa leve uma vida com qualidade. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, melhor será a qualidade de vida da pessoa. O HIV é uma como se fosse uma doença crônica que pode ser controlada. O tratamento é muito importante e deve ser levado a sério. Caso ele não seja feito de forma adequada, a infecção pelo HIV pode progredir para a AIDS. 

Na Atenção Primária à Saúde, o acolhimento dessas pessoas deve ser prioridade. Receber, escutar, tirar dúvidas, ouvir suas queixas, permitir que elas mostrem suas preocupações com relação à doença e deixá-las à vontade para procurar o serviço de saúde, são atos de extrema importância para essas pessoas que muitas das vezes vivem no anonimato. Esse ato facilita o processo de aceitação do diagnóstico, que não é visto com bons olhos no primeiro momento. Aliás, vale ressaltar que o sigilo das informações é primordial, já que as pessoas enfrentam na sociedade um enorme preconceito que deve ser combatido. 

Todos esses atos de acolher fazem parte do cuidado da saúde mental dessas pessoas. Essa preocupação trata do manejo adequado das situações de vida, incluindo situações de sofrimento psíquico, o que permite um cotidiano com qualidade de vida, bem como a saúde das relações afetivas e sociais. As demandas emocionais são tão importantes quanto os sintomas físicos, e precisam ser acolhidas por todos os profissionais de saúde, numa perspectiva de atendimento humanizado e integral.

Eliton Souza

Graduado em Jornalismo pelo Centro Universitário UniAcademia. Assessor de comunicação da Healthmap.

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