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No dia 20 de fevereiro é celebrado o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo. O objetivo da campanha é dar evidência à problemática das drogas, a partir do alerta e conscientização da população sobre os malefícios decorrentes do uso indevido dessas substâncias, destacando a importância da prevenção e do tratamento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a dependência em drogas, sejam elas lícitas (álcool, cigarros, calmantes e sedativos) ou ilícitas (crack e cocaína), é uma doença crônica. O alcoolismo envolve aspectos comportamentais e socioeconômicos. O indivíduo que se torna um usuário excessivo da droga acaba ficando dependente da substância, que por sua vez, essa dependência pode dar a falsa sensação de bem-estar que a droga proporciona momentaneamente para eliminar a ansiedade, angústia e insegurança.  O uso abusivo de drogas perpassa as diversas classes sociais, faixas etárias, gênero, cor, constituindo-se em um problema de saúde pública em escala internacional.

De acordo com o Relatório Mundial sobre as Drogas de 2021 do Escritório das Nações Unidas sobre Droga e Crime (UNODC), cerca de 275 milhões de pessoas usaram drogas no mundo em 2020 e mais de 36 milhões sofreram de transtornos associados ao uso. Dados do relatório também revelam que entre 2010 e 2019, o número de pessoas que usam drogas aumentou 22%. De acordo com a análise, em partes, isso se deve ao crescimento da população mundial. Com base apenas nas mudanças demográficas, as projeções atuais sugerem um aumento de 11% no número de pessoas que usam drogas globalmente até 2030.

A Covid-19 desencadeou inovação e adaptação em serviços de prevenção e tratamento de drogas por meio de modelos mais flexíveis de prestação de serviços. Em alguns países, o serviço de telemedicina foi introduzido e expandido para que os usuários de drogas pudessem buscar aconselhamento ou avaliações iniciais por telefone. A telemedicina também permitiu que profissionais da saúde prescrevessem substâncias controladas para seus pacientes.

No Brasil, segundo a pesquisa realizada em 2020, pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), o aumento do consumo de álcool, entre outras drogas, tem se agravado no contexto da pandemia do COVID-19. Dados revelam que dos 3.633 participantes, 30% relataram aumento no consumo de álcool e outras substâncias.

Esse crescente aumento de consumo de drogas apresentado pelo relatório e pela pesquisa expõe o grande impacto social da pandemia – que provoca um aumento da desigualdade, da pobreza e das condições de saúde mental, sobretudo entre populações já vulneráveis. Esses dados nos chamam para o centro da discussão sobre os principais desafios de combate às drogas, já que a pandemia trouxe dificuldades econômicas que provavelmente tornarão mais eminentes o aumento da doença no mundo.

Prevenção

Uma das formas mais eficazes no combate ao álcool e outras drogas é a prevenção. Existem três níveis de prevenção: a prevenção primária que visa evitar a primeira experiência em relação ao uso de drogas; prevenção secundária, a qual tem por objetivo evitar que pessoas que já experimentaram ou que fazem uso ocasional de drogas, evoluam para o uso nocivo, e possível dependência; e a prevenção terciária, que corresponde ao tratamento do uso nocivo ou da dependência. Esse tipo de intervenção deve ser realizada por profissionais de saúde, numa perspectiva multidisciplinar, composta por assistentes sociais e psicólogos que realizam acolhimento, orientação e encaminhamento dos casos.

Tratamento profissional

Para que seja possível a prevenção do uso abusivo de drogas, o tema deve estar presente em discussões efetivas em diversos setores da sociedade. Nesse contexto, é primordial promover reflexões profundas sobre a cultura de guerra/combate às drogas, que há anos vem sendo implementada em nosso país.

É preciso destacar que a cultura de guerra às drogas não pode ser traduzida com a infeliz ideia de evitação e combate às pessoas que as utilizam, estigmatizando-as e segregando-as, traduzindo-se na grande resistência de profissionais da saúde e da educação na adoção de medidas de cuidado em saúde. 

Apesar de ser uma pauta de saúde pública e de política social, as ações de prevenção e promoção em saúde só terão efeito se os profissionais e sociedade em si, eliminaram de vez os preconceitos e considerar que o objeto droga faz parte da convivência social, mas o foco de atenção em saúde deve ser o cuidado às pessoas, e não as drogas em si. 

Eliton Souza

Graduado em Jornalismo pelo Centro Universitário UniAcademia. Assessor de comunicação da Healthmap.

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